domingo, 29 de agosto de 2010

Não Havia Lugar

Lucas 2:7



E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.

A maior parte da população mundial encontra-se nas grandes cidades. Enquanto que em 1950 a população urbana mundial era de apenas 16%. Em 1900, apenas a cidade de Londres tinha mais de um milhão de habitantes, agora já são 405 cidades com mais de um milhão de habitantes.


POPULAÇÃO URBANA E RURAL NO BRASIL

ANO                    URBANA%               RURAL%

1940                        31,23                          68,67

1950                        36.16                          63,84

1960                       44,67                           55,33

1970                       55,92                           44,08

1980                       67,60                           32,40

1990                       75,47                           24,53

2000                       81,23                           18,77




A maioria das pessoas que chega à cidade não tem escolaridade nem experiência profissional, o que faz com que aceitem empregos mal remunerados e se sujeitem a trabalhos temporários ou a atividades informais para sobreviver, como as de camelô ou vendedor ambulante. Os baixos rendimentos levam esse trabalhador para a periferia das grandes cidades, geralmente em loteamentos irregulares, lugares de risco. Isso é dramático! Não te incomoda não?





O que a Igreja tem feito? Fechado suas portas durante a semana. Prédios enormes vazios. Salas enormes vazias.







“Aqui não!” “Esse lugar é santo”. “Esse lugar não foi feito para isso”. Desculpas sem lógica. Repete-se a historia da manjedoura. Muitas vezes li sobre essa dificuldade de José em arrumar um lugar para nascer Jesus. Gostava de falar mal daquele povo que não queria hospedar Maria. Mas hoje eu vejo essa realidade pra tantos que hoje estão na cidade aguardando um lugar e não têm. Os pobres e desvalidos, os analfabetos e sem emprego, os “sem-terra”, os “sem-esperança” estão de fora do arraial, fora da “tribo santa”, fora do “povo escolhido”, da “geração de adoradores extravagantes”. Somos como aqueles dois homens que passaram de largo olhando o samaritano caído. Fico com vergonha.

Existe um lema na Igreja Metodista que diz: “Quem não serve para servir, não serve para viver”. Ou a Igreja acorda pra essa realidade ou fica dormindo enquanto o mundo e o diabo arranjam estratégias para tirar as pessoas da Igreja. O Ide ainda se faz necessário da mesma forma que se fez no passado onde se desbravavam o interior do Brasil em muitos séculos, hoje a Igreja hodierna tem de rever seus conceitos e realizar uma evangelização urbana. Não como era feito há 50 anos atrás, achando que uma banda de sanfoneiros e pistões que faziam “ar-livre” e arrebatavam multidões podem obter o mesmo resultado hoje. Mas com estratégias novas, por estarmos no século 21. Há uma necessidade de se adequar a realidade atual uma Igreja que se diz viva.

Chega de darmos manjedouras a um povo carente de acolhida!








Deixo registrado também um hino que cantava quando era criança no Coral Infantil da Igreja Metodista sobre a conversa do estaleiro com José (na época não me tocava o coração, mas hoje enxergo essa realidade):

Quem vem ai?

Maria e José.

Que desejais?

Vimos de Nazaré

Para o alistamento

Oh, nos dá um aposento.

Não há lugar!

Só um cantinho para repousar

De modo algum

Oh, tenha compaixão!

Não podeis aqui ficar,


Não há lugar


Não há, não há!